Memória do Movimento Estudantil -- 30 anos do III ENE
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Ato relembra Encontro de Estudantes de 1977

UFMG — Cedecom — 2 de junho de 2006

No próximo domingo, 4 de junho, às 18h30, ex-alunos da UFMG realizam ato relembrando o dia em que a Ditadura Militar impediu a realização de um encontro nacional de estudantes. Exatamente 29 anos depois do episódio, eles se reencontram no local onde tudo aconteceu, o Diretório Acadêmico (DA) da Faculdade de Medicina, para ressaltar a importância do movimento estudantil e da União Nacional dos Estudantes (UNE).

O ato recorda o impedimento, pela ditadura militar, da realização do III Encontro Nacional dos Estudantes (ENE), no dia 4 de junho de 1977. No período, Ato Institucional do Governo Militar impedia a organização da UNE. Os ENEs anteriores buscavam reestruturar a entidade. Em 1977, os estudantes convocaram o III ENE, em Belo Horizonte, no DA da Escola de Medicina.

Naquela data, policiais impediram o acesso aos ônibus de caravanas de todo o país, na saída das outras cidades e na entrada de Belo Horizonte. O exército cercou o local do evento e as pessoas que se dirigiam ao Encontro eram presas. Os estudantes que se encontravam no DA Medicina não podiam sair. Após negociações entre representantes dos estudantes, do DCE, da Reitoria da UFMG, de Governos e da Polícia, foi decidida a liberação dos alunos. Contudo, eles não foram liberados. O exército prendeu cerca de 400, enquadrados na Lei de Segurança Nacional, vigente à época.

Comemoração de 30 anos
No evento, será apresentada proposta de preparação das comemorações de 30 anos do III ENE, para 2007. Sob coordenação da pesquisa do Projeto República, do departamento de História da UFMG, será organizada campanha por doações de documentos sobre o movimento estudantil, que integrarão arquivo especial situado na Biblioteca Universitária (BU) da Instituição.

O Projeto vai sugerir a realização de encontro mensal para analisar cinco períodos do movimento estudantil: de 1960 a 1964; de 1964 a 1968; de 1968 a 1972; de 1973 a 1977 e de 1978 a 1984. Os encontros serão gravados e os debates e momentos relembrados irão compor arquivo sobre o movimento estudantil da UFMG.

Calendário dos encontros:
Datas: 5 de agosto, 9 de setembro, 6 de outubro, 3 de novembro e 8 de dezembro.
Horário: 17 horas
Local: 4º andar da Biblioteca Central — Projeto República — Campus Pampulha UFMG

Exposição rememora movimento estudantil nos “anos de chumbo”

UFMG —Cedecom — 4 de junho de 2007

Será aberta nesta segunda-feira, 4, na Faculdade de Medicina da UFMG, a exposição Memória do Movimento Estudantil — 30 anos do III ENE. A abertura acontece às 19h, no saguão da Faculdade (avenida Alfredo Balena, 190, campus Saúde) e faz parte das comemorações dos 80 anos da Universidade.

O evento rememora a realização, em 1977, do 3º Encontro Nacional dos Estudantes (ENE), na Faculdade de Medicina, abortada pela invasão da Polícia Militar, na qual foram presos cerca de 400 alunos. A iniciativa tem apoio do Projeto República, do departamento de História da Fafich, e da Diretoria de Assuntos Estudantis (DAE).

Programação
A exposição Memória do Movimento Estudantil — 30 anos do III ENE, com fotos da época e textos esclarecedores sobre o episódio, será aberta solenemente nesta segunda feira, às 19h, no saguão da Faculdade de Medicina. A partir de 20h, no Diretório Acadêmico, ao lado do prédio da Faculdade, acontece uma festa de confraternização entre os estudantes da UFMG que participaram do movimento.

A mostra foi organizada pelo Projeto República, que desenvolve pesquisa sobre o movimento estudantil e está reunindo o acervo dessa memória, que inclui a criação de um site para disponibilização dos documentos à consulta pública. Doações de materiais sobre movimento estudantil podem ser feitas através do telefone 3409-5513, com Wilkie.

Exposição sobre III ENE reúne líderanças estudantis dos anos 1970

UFMG — Cedecom — 5 de junho de 2007

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Como parte das comemorações dos 80 anos da UFMG, foi aberta ontem, 4 de junho, no saguão da Faculdade de Medicina, a exposição Memória do Movimento Estudantil — 30 anos do III ENE, organizada pelo Projeto República e pela Diretoria Para Assuntos Estudantis (DAE) da Universidade.

A mostra é composta de fotografias e reproduções de jornais da época, que estão montadas em painéis e expostas no local onde aconteceu aquele episódio histórico. São 38 peças, entre fotos, recortes de jornais e outros documentos.

Na abertura estiveram presentes cerca de 150 líderes estudantis, de várias épocas da história do movimento em Belo Horizonte, além de familiares de estudantes, autoridades acadêmicas e demais membros da comunidade universitária.

Segundo a vice-reitora da UFMG, professora Heloísa Starling, coordenadora geral do Projeto República, "A UFMG é uma das poucas universidades do Brasil que desenvolve um trabalho contínuo de preservação e divulgação da história de seus estudantes". Ela cita o monumento aos estudantes mortos pela ditadura, no campus Pampulha, e a exposição Liberdade-Essa Palavra, realizada em setembro de 2004.

Para Starling, o grande desafio que se coloca nesse resgate é, a partir da recuperação da memória do movimento estudantil, organizar esse conhecimento de forma a permitir uma reflexão sobre o passado e o futuro e promover a elevação do sentimento de cidadania.

Repressão
A exposição, que continua no saguão da Unidade até o próximo domingo, 10, mostra a tentativa de realizar a terceira versão do Encontro Nacional dos Estudantes, no dia 4 de junho de 1977, no Diretório Acadêmico Alfredo Balena Medicina (DAAB) da Faculdade de Medicina, durante o governo do general Ernesto Geisel. À época, o objetivo dos participantes era reconstruir a União Nacional dos Estudantes (UNE), que havia sido posta na clandestinidade em 1964 e deixado de funcionar em 1971.

Naquele dia, a Polícia Militar cercou Belo Horizonte e prendeu, ainda nos ônibus que chegavam à cidade, todos os estudantes que se dirigiam ao encontro. Além disso, os policiais, que agiram com violência, cercaram o campus Saúde e o Diretório Acadêmico, prendendo cerca de 400 estudantes presentes.

"O fato de o encontro não haver acontecido não pode ser lembrado, em hipótese alguma, como fracasso, mas como bravura", observa Wilkie Buzzati Antunes, coordenador da Linha de Pesquisa Memória do Movimento Estudantil da UFMG, do Projeto República, e um dos organizadores da exposição. Ele destaca que tentar fazer e encontro, naquele contexto, já foi muito importante.

Foi de fato um marco. O ato repressivo em cima do III ENE, em Belo Horizonte, acabou por incentivar a indignação de outros setores da sociedade e da própria Universidade, o que acabou catalizando a resistência contra o regime militar.

Conquistas
Contudo, na análise da historiadora Lígia Beatriz de Paula Germano, coordenadora da linha Acervos do Projeto República, o grande resultado do evento "foi a reconstituição da UNE, em 1979". Observando que o movimento histórico não é linear, ela conta que o cenário da época era de revolta e que vários setores já se movimentavam no sentido de recuperar as liberdades democráticas.

"Por isso, a tentativa de realizar o III ENE aqui foi fortemente reprimida. O retorno da UNE, que significava a volta de uma coordenação de mobilização nacional, aos olhos do regime militar não poderia acontecer", resume Lígia Germano.

Na opinião de José Afonso Assis Cabral, ex-presidente do DA Medicina e organizador do encontro de 1977, ao lado de Eduardo Albuquerque, presidente na gestão que começou em junho do mesmo ano, a repressão ao III ENE foi marcante não apenas na trajetória dos estudantes, como também de professores e funcionários.

"A reformulação do ensino médico mais voltado para questões sociais, por exemplo, se deve muito à movimentação que vinha ocorrendo naquela época. O Brasil hoje mudou muito. Mas mudou demais. Apesar de haver muito o que fazer", observa José Afonso, destacando a existência de liberdades democráticas impensáveis em 1977. "Nós mudamos o Brasil!", comemora. Cabral informa que atualmente tentam junto às autoridades a recuperação dos arquivos do Diretório Acadêmico confiscados pela Polícia Militar.

Confraternização
Após a abertura da exposição os participantes se confraternizaram no Diretório Acadêmico, ao som de músicas Geraldo Vandré — compositor de canções de protesto que marcaram aquela época — e da apresentação dos grupos Mambembe e O Grande Ah!, das décadas de 1970 e 1980. Os participantes entoaram ainda palavras de ordem da época, e inauguraram placa comemorativa, na entrada do DAAB.

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