Universidade e Ditadura. PUC: cidadela da resistência.
PUC_cidadela_resistencia.jpg

Evento cultural interinstitucional, organizado pelo Thesis - Núcleo de Estudos de Cultura, Memória e Mídia da PUC/SP e pela Escola Superior do Ministério Público de São Paulo, que acontece ao longo do dia 04 de outubro [de 2007] e traz palestras, homenagens, sarau, exposição multimídia e um júri simulado sobre os acontecimentos que marcaram a invasão da PUC/SP por tropas militares. O evento tem como palco o TUCARENA, no campus de Perdizes, e inicia suas atividades a partir das 09 da manhã.

Apresentação

Há trinta anos houve uma repressão que não pode ser esquecida…

Celebrar os trinta anos da invasão policial tem como significado maior pensar a responsabilidade dos gestores e da comunidade universitária na definição de projetos acadêmicos, que tenham ressonância na dinâmica social contemporânea.

É o momento de refletir sobre a importância do acontecimento que envolveu mortes, prisões, perseguições, torturas dentro do papel expressivo da Universidade e quais as justificativas para tão bárbara forma de repressão liberdade de expressão e organização num momento tido como de abertura política.

Discutir o que estava em jogo no âmbito da vivência universitária e da dinâmica da sociedade brasileira da época, as forças sociais, os substratos ideológicos, o projeto de universidade e as suas relações com as lutas sociais. Mas, sobretudo revelar qual foi o papel desempenhado pela instituição (PUC) e pela comunidade universitária na luta pela democratização.

PUC: cidadela da resistência…

As particularidades da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo encontram lastros no perfil de seus projetos filosófico e educacional, na sua organização institucional e na composição social dos três segmentos que englobava professores, alunos e funcionários.

A real dimensão da instituição enquanto centro de produção de conhecimento pela sua divulgação, encontrou lastro na interação ensino-pesquisa, que despontou como uma de suas características e como necessidade no decurso dos anos sessenta. Eram os anos da Reforma educacional.

Os anos 70 foram marcados pela criação do Pós, por estimular a pesquisa, pela consolidação da carreira, por uma ação clara na assimilação dos cassados, na proposição de novos horizontes para a instituição e na presença significativa juntos aos movimentos sociais e científicos do país.

A PUC SP foi um palco privilegiado para a expressão, estudo e ciência dos diversos níveis de contradições, que pontuavam a sociedade brasileira nos anos setenta. Laboratórios para discussões, debates, encontros, formulações de propostas, projetos e lócus de um exercício e vivência universitários, que não encontravam guarita institucional em outros ambientes acadêmicos.

O discurso e a práxis que estavam em sintonia, dialogavam com o perfil de seguimentos expressivos do clero, principalmente representado na figura do Grão Chanceler, o Arcebispo da Arquidiocese de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns. Assim, a PUC se conformava como um diapasão que fazia eco aos anseios da sociedade civil em construção e de uma facção da igreja, engajados na luta contra a Ditadura.

O ano de 1977 foi marcante no que se refere ao movimento estudantil. Ocorreram inúmeras passeatas, atos públicos, ocupação de espaços na cidade, na Universidade e nos noticiários da Imprensa.

Os estudantes saíram às ruas com o pretexto de lutar contra a implantação dos Estudos Sociais, como desdobramento do acordo MEC/USAID. Gradualmente foram ampliando suas bandeiras de luta e assumindo as perspectivas políticas mais amplas, desfraldando bandeiras pelos Direitos Humanos, pela “ANISTIA, AMPLA GERAL E IRRESTRITA” e contra a opressão militar a palavra de ordem era “ABAIXO A DITATURA”.

A possibilidade de uma invasão policial se aproximava da militância estudantil e da comunidade, na medida em que se apresentavam como expoentes em diversas frentes de lutas e iniciativas.

A investida policial foi o coroamento de um percurso repressivo à universidade e ao movimento estudantil que se rearticulava e se associava aos interesses dos setores oprimidos da sociedade, as chamadas “classes perigosas”.

O pretexto da investida policial dirigida pelo Secretário da Segurança Pública foi a realização do III Encontro Nacional dos Estudantes, promovido pela UNE, considerada uma entidade espúria pelos militares. Há muito, os estudantes ensaiavam realizar o encontro com vistas à reorganização institucional da entidade estudantil, e foram inúmeras as formas de repressão e controle. Ao ser realizado, pretendeu-se torná-lo público e comemorar seu êxito. A PUCSP seria o local privilegiado para tal manifestação histórica.

A vigilância foi burlada e se comemorou o III Encontro Nacional dos Estudantes com ato público em frente ao TUCA em 22 de setembro. A Universidade foi cercada e invadida pelas tropas da “ordem”. As ocorrências da violência em suas diversas formas de expressão foram veementes.

As atividades na universidade foram retomadas com mais garra. Aulas foram substituídas por debates. A invasão e a própria ditadura passaram a ser tema de debates, aulas e seminários, não se perdendo no afã político o específico da Academia. A realidade objetiva do país era o cerne do exercício da práxis acadêmica. Este cenário foi propicio para a ampliação dos embates de projetos universitários e deu maior impulso ao dinamismo da instituição.

A programação

09:00h
Abertura do Evento: Prof. Dr. Adilson José Gonçalves — Núcleo Thesis; Dr. Arthur Pinto Filho — Escola Superior do Ministério Público de São Paulo.
09:15h
Palestra: Luta e resistência em tempos de Ditadura, Profa. Dra. Maria Aparecida de Aquino — FFLCH/ USP
11:00h
Cerimônia de homenagem à personagens de relevância acadêmica e política na resistência à ditadura, e que estiveram presentes na reconstrução da universidade democrática: Antônio Cândido, Edênio Reis Valle, Hermínio Alberto Marques Porto, Helio Bicudo
17:30h
Sarau — música, poesia, literatura e performances: CUCA — Coral da PUC/SP; Marco Prado (integrante do Thesis) e convidados
19:00h
Júri Simulado: “Invasão da PUC- o julgamento 30 anos depois”. Coordenação: Profa. Eloisa de Sousa Arruda e Prof. Christiano Jorge Santos.

Local: Tucarena

Exposição

“Universidade e Resistência – Memórias, percepções e projeções”

Durante todo o dia, apresenta cartazes, fotos, entrevistas e projeção de vídeo com imagens históricas.
Curadoria: Adilson José Gonçalves, Eloísa de Sousa Arruda e Tânia Laky
Produção e layout: Paula Skromov
Auxiliares de pesquisa: Fátima Cristina e Steban Saavedra

Organização

  • Thesis — Núcleo de Cultura, Memória e Mídia
  • ESMP

Apoio

  • Reitoria da PUC-SP

Contatos

Prof. Dr. Adilson José Gonçalves
Email: rb.moc.arret|gesoj.noslida#rb.moc.arret|gesoj.noslida
Telefone: (11) 8131-4516

Profa. Eloísa de Sousa Arruda
e-mail: rb.moc.lou|adurraole#rb.moc.lou|adurraole
telefone: (11) 9933-8706

Unless otherwise stated, the content of this page is licensed under Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 License