Histórias de uma vida em Conjunto

Artigo do Jornal do Campus sobre o CRUSP — Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo

Jornal do Campus nº265, 05-18 dez 2002
Marcela Buscato e Naila Okita

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“Você mora no Crusp? Aquela bagunça?!” Vivian Bracco mora no Conjunto Residencial da USP (Crusp) e acha graça da impressão que sua chefe tinha. Mas bagunçada é a história do Crusp: construído para alojar os atletas dos Jogos Panamericanos de 1963, que acabaram ocorrendo em São Paulo. Na época da ditadura, o conjunto abrigou hippies, punks e perseguidos políticos, foi invadido por policiais que expulsaram e prenderam quase todos os estudantes, foi transformado em salas de aula e até em um museu. Hoje, possui um corredor exclusivo para mães e filhos, com direito a playground e até “Alice no país das maravilhas” na tevê da sala.

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Muitos acabam associando o Crusp ao velho esquema “sexo, drogas e rock’n’roll” por ser moradia de estudantes longe de casa. Será? Jonas de Oliveira, da Poli, mudou-se para o Crusp para poder estudar mais tranqüilamente, porque em casa não conseguia se concentrar direito. Ficou satisfeito com a escolha.

Ainda há festas, mas tem lugar para todo tipo de gente: brasileiros, estrangeiros, estudantes de 18 a mais de 40 anos. No Crusp, os moradores têm que aprender a dividir tarefas, respeitar certas manias e viver em comunidade. Mesmo assim, há quem reclame de preconceitos contra negros e homossexuais.

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Os corredores são uma atração à parte: seja uma porta com adesivos “agora é Lula” ou com fotos de cantores sertanejos, seja um final de corredor transformado em sala de estar — com sofá, plantas, estante —, as bicicletas acompanhando as curvas das escadas.

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O estado de conservação do Crusp também já virou folclore. A história de dois estudantes que teriam caído de um dos andares, durante uma briga (por mulher, claro), através de uma parede, é muito conhecida. Eles teriam morrido, assim como outro morador que, ao entrar no elevador, não o encontrou.

Uma das maiores vantagens de se morar lá, além de não pagar, é a praticidade. Você nem precisa sair da universidade para chegar em casa, está perto do bandejão e pode até trabalhar na Cidade Universitária! “O que eu mais gosto em morar no Crusp é o Cepê”, brinca Alessandro de Lima, da Poli. Porém, há quem canse de ficar o tempo todo na faculdade, como Ludmila Amaral, de Letras. “Você quer sempre mais espaço na sua vida”, desabafa.

Fotos: Letícia Sorg

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