Stephen Bantu Biko
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Variantes do nome: Steve Bantu Biko, Bantu Steve Biko, Bantu Stephen Biko

Stephen Bantu Biko (18 de dezembro de 1946 - 12 de setembro de 1977) foi um conhecido ativista do movimento anti-apartheid na África do Sul, durante a década de 1960.

Insatisfeito com a União Nacional de Estudantes Sul-africanos (National Union of South African Students), da qual era membro, participou da fundação, em 1968, da Organização dos Estudantes Sul-africanos (South African Students' Organisation). Em 1972, tornou-se presidente honorário da Convenção dos Negros (Black People's Convention).

Em março de 1973, no ápice do regime de segregação racial (Apartheid), foi "banido", o que significava que Biko estava proibido de comunicar-se com mais de uma pessoa por vez e, portanto, de realizar discursos. Também foi proibida a citação a qualquer de suas declarações anteriores, tivessem sido feitas em discursos ou mesmo em simples conversas pessoais.

Em 6 de setembro de 1977 foi preso em bloqueio rodoviário organizado pela polícia. Levado sob custódia, foi acorrentado às grades de uma janela da penitenciária durante um dia inteiro e sofreu grave traumatismo craniano. Em 11 de setembro, foi embarcado em veículo policial para transporte para outra prisão. Biko morreu durante o trajeto e a polícia alegou que a morte se devera a "prolongada greve de fome empreendida pelo prisioneiro".

Em 7 de outubro de 2003, autoridades do Ministério Público Sul-africano anunciaram que os cinco policiais envolvidos no assassinato de Biko não seriam processados, devido a falta de provas. Alegaram também que a acusação de assassinato não se sustentaria por não haver testemunhas dos atos supostamente cometidos contra Biko. Levou-se em consideração a possibilidade de acusar os envolvidos por Lesão Corporal seguida de morte, mas como os fatos ocorreram em 1977, tal crime teria caducado (não seria mais passível de processo criminal) segundo as leis do país.

[Fonte: wikipedia (adaptado)]

Steve Biko

Biko foi assassinado há 30 anos. A 12 de Setembro de 1977, Bantu Steve Biko morreu em consequência de bárbaras torturas da polícia sul africana, do regime de apartheid. Biko era um jovem activista negro — morreu com 30 anos — lutador contra o apartheid, dirigente estudantil e fundador do Movimento Consciência Negra.

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Biko, que dizia que "a arma mais poderosa nas mãos do opressor é a mente do oprimido", foi um defensor dos negros e da sua independência, face aos liberais brancos, na luta contra o apartheid na África do Sul.

Nelson Mandela em 1997, no elogio a Steve Biko, afirmou: "Um dos grandes legados da luta que Biko travou — e pela qual morreu — foi a explosão do orgulho entre as vítimas do apartheid".

A morte de Biko foi largamente denunciada no mundo, ampliando e elevando o combate ao regime do apartheid na África do Sul. Bantu Steve Biko nasceu na cidade de King William em 18 de Dezembro de 1946. Estudou medicina na Universidade de Natal e tornou-se um activista estudantil. Em 1968, com outros companheiros de luta fundou a SASO ( South African Students' Organisation — Organização dos Estudantes Sul Africanos) rompendo com a NUSAS (National Union of South African Students — União Nacional dos Estudantes Sul Africanos), defendendo uma intervenção mais radical e criticando o predomínio e orientação dos liberais brancos na NUSAS. Biko, que foi o primeiro presidente da SASO, pretendia com esta organização desenvolver a participação dos negros, elevar o seu orgulho e actuar independentemente dos brancos. Para a SASO escreveu diversos documentos com o pseudónimo de Frank Talk.

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Biko foi um dos fundadores do Movimento Consciência Negra, defendendo que o principal na luta contra o apartheid era a luta dos negros, a sua organização e mobilização, combatendo a dependência dos negros em relação aos liberais brancos. Em 1972 fundou a Convenção do Povo Negro (Black People's Convention) e foi eleito seu presidente honorário. Também em 72 foi expulso da Universidade e passou a trabalhar em programas para a comunidade negra (Black Community Programs — BCP), participando na construção de clínicas, creches e no apoio aos trabalhadores negros. Em Março de 1973 foi "banido" e proibido de sair da cidade de King William. "Banido" significava que não podia comunicar com mais de uma pessoa de cada vez, desde que não fosse da sua família, e não podia publicar nada, tal como os seus escritos anteriores não podiam ser divulgados ou citados. Apesar disso, dirigiu uma secção do BCP na sua cidade, mas posteriormente foi também proibido de ter quaisquer ligações com os programas da comunidade negra.

Não obstante a repressão de que era vítima, Biko criou em 1975 um fundo de apoio aos presos políticos e às suas famílias. As organizações que criou e apoiou, nomeadamente as organizações estudantis, tiveram um papel decisivo nos levantamentos do Soweto, em 1976. Biko foi perseguido e preso por diversas vezes.

Em 18 de Agosto de 1977 foi preso juntamente com o seu companheiro Peter Cyril Jones, acusados de desobedecerem às leis do apartheid. Biko foi barbaramente agredido e torturado numa prisão em Port Elizabeth o que lhe provocou uma hemorragia cerebral. A 11 de Setembro foi transportado para a prisão central de Pretória, onde morreu a 12 de Setembro. O governo do apartheid primeiro afirmou que ele tinha morrido devido a uma greve de fome, posteriormente perante a gravidade visível das lesões na cabeça, afirmaram que se tentou suicidar, batendo com a cabeça.

A Comissão de Verdade e Reconciliação criada após o fim do apartheid, não perdoou aos seus assassinos. Mas, em Outubro de 2003, o Ministério Público da África do Sul anunciou que os cinco polícias acusados do crime não seriam processados por falta de provas, alegando que faltavam testemunhas que provassem a acusação e considerando ainda que a possibilidade de acusação pelo crime de lesões corporais já tinha caducado. A morte de Biko foi largamente noticiada internacionalmente pelo grande prestígio que granjeara, o seu funeral foi acompanhado por milhares de pessoas, estando inclusivamente presentes diversos embaixadores estrangeiros.

O assassinato de Biko tornou-se um símbolo da brutalidade do regime do apartheid. A sua vida, luta e morte tornaram-se amplamente conhecidos pelo trabalho desenvolvido por Donald Woods, um seu amigo jornalista branco, que fotografou o seu cadáver com os ferimentos e um ano depois publicou um livro, "Biko", descrevendo a sua vida e morte.

Em 1980, Peter Gabriel editou um álbum que incluía a canção "Biko", que se tornou um hino mundial contra o apartheid e que foi posteriormente cantada por outros artistas, como por exemplo Joan Baez. Em 1987, Richard Attenborough realizou o filme Cry Freedom (Grito de Liberdade) sobre a vida de Biko e no qual a música de Peter Gabriel foi incluída na banda sonora, Em 1997, no vigésimo aniversário da sua morte, Nelson Mandela fez o seu elogio e inaugurou uma estátua em sua memória. Actualmente existe na África do Sul a Fundação Steve Biko (http://www.sbf.org.za/) que é presidida pelo seu filho Nkosinati Biko.

This is the year, which people will talk about
This is the year which people will be silent about.
The old see the young die.
The foolish see the wise die.
The earth no longer produces, it devours.
The sky hurls down no rain, only iron.
Bertolt Brecht

Biografias de Steve Biko:

Textos

Black Student Politics: from SASO to SANSCO 1968-1990

Por Saleen Badat. "(…) The purpose of this book is to contribute to rectifying the dearth of analysis of mass democratic anti-apartheid organisations in South Africa by examining two black higher education organisations that span a period of over two decades between 1968 and 1990. One is the South African National Students' Congress (SANSCO), which between 1979 and 1986 went by the name of the Azanian Students' Organisation (AZASO). Established in 1979 and the largest and most influential of the 1980s national organisations representing black higher education students, SANSCO was an important and integral component of the broad mass democratic movement in South Africa. The other is the South African Students' Organisation (SASO), formed in 1968 and popularly associated with the person of Steve Biko. SASO gave birth to the Black Consciousness movement in South Africa, was the leading formation within this movement, and did much to revitalise black opposition politics during the 1970s before it was banned by the apartheid government in 1977. (…)"

Black Viewpoint

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Livro editado em 1972 por Biko com o seguinte conteúdo:

No46 - Steve Biko

Por Hilda Bernstein. Steve Biko foi o quadragésimo sexto preso político morto na África do Sul pela polícia. Este livro contém detalhes da vida de Biko e sobre a situação na África do Sul de sua época. O livro é composto das seguintes partes:

Fear - an important determinant in South African politics

De Steve Biko. (Publicado em Frank Talk, 9 de setembro de 1987). " (…) While those amongst blacks who do bother to open their mouths in feeble protest against what is going on are periodically intimidated with security visits and occasional banning orders and house arrests, the rest of the black community lives in absolute fear of the police, No average black man can ever at any moment be absolutely sure that he is not breaking a law. There are so many laws governing the lives and behaviour of black people that sometimes one feels that the police only need to page at random through their statute book to be able to get a law under which to charge a victim. (…)"

Biko Lives!

Frank Talk, 11 November 1984. "(…)This September marks the tenth anniversary of the brutal murder of Steve Biko by the South African state, Biko was beaten to death by the police while in detention. His so-called crimes were the ideas he espoused and developed, ideas that took root among the Azanian people and were turned into the material reality of the Soweto Uprising.(…)"

Steve Biko Speaks

Black consciousness and the quest for a true humanity

Por Steve Biko. "(…)There is no doubt that the colour Question in South African politics was originally introduced for economic reasons. The leaders of the white community had to create some kind of barrier between blacks and whiles so that the whites could enjoy privileges at the expense of blacks and still be feel free to give a moral justification for the obvious exploitation that pricked even the hardest of white consciences.(…)"

Steve Biko Speaks

Entrevista em que Biko fala da "Consciência Negra".

As edições digitais listada acima são da South African History Online. Essa biblioteca contém outros textos muito bem editados sobre a África do Sul e sobre o regime do Apartheid.

New Introduction to the American edition of Steve Biko’s "I Write What I Like"

CCS Resource Centre — Online library
Por Lewis R. Gordon
Steve Bantu Biko was a courageous man. This is not to say that he was callously neglectful of the value of life, including his own, but rather he was a man for whom life was so valuable that the fear of death could be transcended. The consequence was that he found a way for word and deed to meet and thus to achieve the urgently political and the genuinely liberating. Brutalized to death in the flesh, he left his words to unfold through three decades in a continued challenge to every human being to carry on the fight for our humanity. Dust though his body has become, his ideas live on. (…)

Steve Biko: Martyr of the anti-apartheid movement

**BBC News — Background — Monday, December 8, 1997 Published at 10:19 GMT **
Steve Biko, subject of the film Cry Freedom, is widely seen as the greatest martyr of the anti-apartheid movement. His philosophy that political freedom could only be achieved if blacks stopped feeling inferior to whites attracted enormous international attention, and is considered by many to be the turning point in the demise of apartheid. (…)

Frases de Biko

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Discursos

Discurso de Nelson Mandela na comemoração ao vigésimo aniversário da morte de Steve Biko

(…) Yet what has been said about Steve Biko, what passed through the walls of Robben Island and other prisons along our political grapevine, has stood the test of time. That he was indeed a great man who stood head and shoulders above his peers is borne out not only by the testimony of those who knew him and worked with him, but by the fruits of his endeavours. (…)

Conferências

I Conferência Internacional Steve Biko

CMI, por Dj Branco / CMA HIP-HOP 28/09/2007 às 12:46
(…) Com o intuito de difundir a memória do líder negro sul-africano Steve Biko e promover diálogos entre o movimento negro, o Instituto Steve Biko promoverá no dia 09 de outubro a sua primeira conferência Internacional com o tema: ?Biko! Por que Biko: sua história, seu legado?, Palestrante: Nkhosinati Biko, filho de Steve Biko e presidente da Fundação Steve Biko na África do Sul, dia 9 de outubro - Salão Nobre da Reitoria da UFBA às 19h. (…)

Noticiário

Young Black Leader Dies in Detention in South Africa, Raising Fears of New Unrest

The New York Times, 13 de setembro de 1977
Biko, probably the most influential young black leader in South Africa, died while in police detention last night, allegedly after a hunger striker, and there were fears that his death could increase racial tension. (…)

Galeria

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