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Biografia
Antônio Carlos Monteiro Teixeira
Antonio Carlos Monteiro Teixeira estudou Geologia na UFBa, tendo grande participação no movimento estudantil dos anos 1967/68.
Antonio Carlos Monteiro Teixeira estudou Geologia na UFBa, tendo grande participação no movimento estudantil dos anos 1967/68. Em 1969, após contrair matrimônio com Dinalva, foi residir no Rio de Janeiro e trabalhar no Ministério das Minas e Energia. Era membro da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC).
Em maio de 1970, desembarcou no Araguaia. Abriu um mercadinho no povoado de Araguanã, onde ficou conhecido como Antonio da Dina. Quando a guerrilha iniciou já estava separado de Dinalva.
Fez Parte do Destacamento C - Grupo 500. Era o instrutor de orientação na mata aos companheiros que chegavam.
Era reservado e carismático. Conhecia profundamente a área que os militantes do PC do B atuava, junto com Dinalva fez todo o mapeamento da região, até a serra das andorinhas, inclusive as próximas, com o conhecimento de geólogo. Dizem que chegou até Serra Pelada, região do garimpo.
Foi ferido e preso no mesmo combate em que Vítor e Zé Francisco tombaram. Junto com ele foram apreendidos pelos militares vários mapas da região.
Foi barbaramente torturado, conforme relatos de prisioneiros que sobreviveram. Há quem diga que foi decapitado. A morte consta nos documentos oficiais com a data de 29 de setembro de 1972, na primeira campanha do ataque das Forças Armadas à área. Estaria enterrado no cemitério de Xambioá.
O Relatório do Ministério da Marinha diz que "em dezembro de 1972 foi identificado, por fotografia, como sendo o prof. Antônio que lecionava, no período de junho a dezembro de 1971, na Escola dos Padres de São Félix, em Terra Nova no sopé da Serra do Roncador."
"Antônio Carlos Monteiro Teixeira, o Antônio da Dina, José Toledo de Oliveira, Vitor, e Francisco Manoel Chaves, Preto Velho, foram mortos pelo grupo chefiado pelo sargento goiano José Pereira, que contou ao Jornal Opção, em 1997, como ocorreu o chafurdo. J. Pereira recebeu um elogio, por escrito e oficial, do general Bandeira." (Euler de França Belém)
Outro ilheense, Eduardo Monteiro Teixeira, irmão de Antônio Teixeira, foi para o Araguaia integrar a guerrilha, mas acabou sendo preso antes de encontrar o irmão, e conseguiu sobreviver.
Dinalva Oliveira Teixeira (Dina) e Antonio Carlos M. Teixeira (Antonio da Dina)
Documentos
Requerimentos
Autor: Deputado Nilmario Miranda (PT/MG). Solicita informações ao Ministério do Exército sobre o desaparecido político Antônio Carlos Monteiro Teixeira.
Relatórios
Relatório Arroyo
Como estivessem sem alimento, Vítor resolveu ir à roça de um tal de Rodrigues, apanhar mandioca. Os companheiros disseram que lá não tinha mais mandioca. Vítor, porém insistiu. Quando se aproximavam da roça viram rastros de soldados. Então Vítor decidiu que os quatro deveriam enconder-se na capoeira, próxima à estrada, certamente para ver se os soldados passavam e depois então ir apanhar mandioca. Acontece que, no momento exato em que os soldados passavam pelo local onde eles estavam um dos companheiros fez um ruído acidental. Os soldados imediatamente metralharam os quatro. Dois morreram logo: Vítor e Zé Francisco. Antônio foi gravemente ferido e levado para São Geraldo, onde foi torturado e assassinado. Escapou a companheira Dina, que sofreu um arranhão de bala no pescoço. [Provavelmente 21/09/72]. [1]
Relatório do Ministério do Exército
Filho de Gerson da Silva Teixeira e de Luiza Monteiro Teixeira, nascido no dia 22 Ago. 44, em Ilhéus/Ba.
Geólogo, casado com Dinalva Oliveira Teixeira, possuía o nome falso de Heitor Sales e utilizava-se dos codinomes Antônio, Antônio da Dina e João Goiano [João Goiano era o Vandick, marido da Dinaelza].
Consta que teria morrido em combate na região de Xambioá/Go.
Relatório do Ministério da Marinha
(Novembro / 1972) - Foi identificado, por fotografia, como sendo o prof. Antônio que lecionou no período de junho a dezembro/71 na Escola dos Padres de São Félix em Terra Nova no sopé da Serra do Roncador. Foi guerrilheiro do PC do B em Xambioá.
Relatório do Ministério da Aeronáutica
Militante do PC do B e guerrilheiro no Araguaia. Segundo o noticiário da imprensa nos últimos 18 anos e documentos de entidades de defesa dos direitos humanos, teria sido morto ou desaparecido no Araguaia. Não há dados que comprovem essa versão.
Artigos de jornal
- O Globo, Rio de Janeiro, 02 de maio de 1996. "Ex-guia mostra onde os corpos foram enterrados" / "De Xambioá a Marabá, o roteiro dos cemitérios" / "Moradores contam a prisão e a morte de guerrilheiros"
- Segundo os depoimentos de Adélia Azevedo de Sousa, Osvaldo Rodrigues, Raimundo Bandeira, que era coveiro no início dos anos 70, e Joaquina de Sousa, no cemitério da cidade foram enterrados em três covas os corpos de oito guerrilheiros do PC do B: João Carlos Haas Sobrinho, Antônio Carlos Monteiro, Lourival de Moura, Bergson Gurjão Farias, Maria Lúcia Petit da Silva, Áurea Elisa Valadão e Daniel Ribeiro Callado. A descrição da comerciante é confirmada pelo ex-coveiro Osvaldo Rodrigues, que garante ter visto outro coveiro do cemitério – que já morreu – enterrar no mesmo lugar descrito por Adélia o corpo de Haas e de quatro outros guerrilheiros. Segundo Joaquina Pereira, os outros corpos eram de Antônio Carlos Monteiro da Silva, Lourival de Moura, Maria Lúcia Petit da Silva e Áurea Elisa Valadão. (…)."
- Jornal Opção. Goiânia, 07 a 13/09/97. "Um poeta na guerrilha"
- A história do sargento Viana é emblemática da mentalidade militar que agiu no Araguaia. "Ele era um sargentinho metido a besta. Colhemos informações de que o marido da Dina (uma das mais temidas guerrilheiras do Araguaia), o Antônio, queria se entregar. A Dina teria dito: ‘Se você se entregar, eu te mato’. Mas ele estava resolvido a escapar. Quando apontou a cabeça, anunciando que desejava se entregar, o sargento Viana o matou. Eu não estava sob o seu comando, mas ouvi a história, quando nos encontramos. Esse militar, com pouco menos de 30 anos, era assustador. Ele arrancava as orelhas dos guerrilheiros e grudava-as em seu cinturão. A imagem era horrível. As orelhas ficavam pretas, mas ele não as retirava. Dizia que eram os seus troféus", declarou Goiamérico.