Antônio Carlos Monteiro Teixeira
Codinome Heitor Sales
Apelidos Antônio, Antônio da Dina
Idade 28 anos
Sexo masc.
Data e local de nascimento 22/08/44, em Ilhéus/Ba
Filiação Gerson da Silva Teixeira/ Luiza Monteiro Teixeira

Biografia

Estudou Geologia na UFBa, tendo grande participação no movimento estudantil dos anos 1967/68. Em 1969, após contrair matrimônio com Dinalva, foi residir no Rio de Janeiro e trabalhar no Ministério das Minas e Energia. Era membro da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC).

Em maio de 1970 foi, juntamente com Dinalva, para o Araguaia, indo viver na região de Caiano. Foi preso após ser ferido em combate no dia 20/09/72. Está desaparecido desde a época da sua prisão.

Homenagens

  1. Nome de rua em São Paulo — DOM 27/06/92 — dec. 31.804 de 26/06/92.
  2. Nome da antiga Rua 23, na Vila Esperança, em Campinas, com início na antiga Avenida 1 e término na antiga Rua 1 — Lei nº 9497, de 20/11/97.

Dados referentes a prisão, morte e/ou desaparecimento:

Citado no Manifesto dos familiares dos mortos e dasaparecidos na guerrilha do Araguaia, no II Congresso Nacional Pela Anistia, novembro/79 — Salvador/BA, publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro de 11/04/80, ano VI, nº 69, parte II.

Citado na Relação de pessoas dadas como mortas e/ou desaparecidas devido às suas atividades políticas, da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da Ordem dos Advogados do Brasil — seção do Estado do Rio de Janeiro — outubro de 1982.

Relatório Arroyo

Como estivessem sem alimento, Vítor resolveu ir à roça de um tal de Rodrigues, apanhar mandioca. Os companheiros disseram que lá não tinha mais mandioca. Vítor, porém insistiu. Quando se aproximavam da roça viram rastros de soldados. Então Vítor decidiu que os quatro deveriam enconder-se na capoeira, próxima à estrada, certamente para ver se os soldados passavam e depois então ir apanhar mandioca. Acontece que, no momento exato em que os soldados passavam pelo local onde eles estavam um dos companheiros fez um ruído acidental. Os soldados imediatamente metralharam os quatro. Dois morreram logo: Vítor e Zé Francisco. Antônio foi gravemente ferido e levado para São Geraldo, onde foi torturado e assassinado. Escapou a companheira Dina, que sofreu um arranhão de bala no pescoço. [Provavelmente 21/09/72].

Relatório do Ministério do Exército

Filho de Gerson da Silva Teixeira e de Luiza Monteiro Teixeira, nascido no dia 22 Ago. 44, em Ilhéus/Ba.
Geólogo, casado com Dinalva Oliveira Teixeira, possuía o nome falso de Heitor Sales e utilizava-se dos codinomes Antônio, Antônio da Dina e João Goiano [João Goiano era o Vandick, marido da Dinaelza].
Consta que teria morrido em combate na região de Xambioá/Go.

Relatório do Ministério da Marinha

Nov./72 — foi identificado, por fotografia, como sendo o prof. Antônio que lecionou no período de junho a dezembro/71 na Escola dos Padres de São Félix em Terra Nova no sopé da Serra do Roncador. Foi guerrilheiro do PC do B em Xambioá.

Relatório do Ministério da Aeronáutica

Militante do PC do B e guerrilheiro no Araguaia. Segundo o noticiário da imprensa nos últimos 18 anos e documentos de entidades de defesa dos direitos humanos, teria sido morto ou desaparecido no Araguaia. Não há dados que comprovem essa versão.

Relatório das Operações contraguerrilhas realizadas pela 3ª Bda Inf. no Sudeste do Pará

Ministério do Exército — CMP e 11ª RM — 3ª Brigada de Infantaria — Brasília/DF, 30 out 72 — assinado pelo General de Brigada — Antônio Bandeira — Cmt da 3ª Bda Inf.: Ações mais importantes realizadas pelas peças de manobra:

Ação de patrulhamento, em 29 Set 72, executada por 2 GC, na R de Pau Preto, teve como resultado a morte dos seguintes terroristas:
José Toledo de Oliveira ‘Vitor’ (Sub Cmt Dst C)
Antônio Carlos Monteiro Teixeira ‘Antônio’ (Dst C — Grupo 500)
José Francisco ou Preto Velho (Dst C — Grupo 500)

Relatório da Operação Sucuri, de maio/74: confirma sua morte

Informações e depoimentos obtidos através da imprensa e dos familiares

Citado como guerrilheiro pela imprensa.

Já o médico Dower Morais Cavalcanti, …, relatou ao juiz os nomes dos guerrilheiros João Carlos Haas, José Toledo de Oliveira, Ciro Flávio, Francisco Chaves e Antônio Carlos Monteiro Teixeira, que foram mortos durante a segunda campanha, em fins de 72. Dower, inclusive, após reconhecer essas pessoas em um álbum de fotografias, foi chamado pelo general Antônio Bandeira, ex-comandante do III Exército, para ir pessoalmente à Base Militar de Xambioá identificar os guerrilheiros. "Quando eu cheguei lá, porém, os corpos já haviam sido enterrados em uma vala comum, no cemitério de Xambioá." Ele afirmou ainda ao juiz que o Exército tinha em sua posse vários objetos de uso pessoal e documentos dos guerrilheiros, como por exemplo, o diário de campanha de João Carlos Haas e sua carta-testamento aos familiares e uma carta de Francisco Chaves à comissão militar da guerrilha.

O que eu sei de Antônio Carlos é o que está na revista Guerrilha do Araguaia: diz que ele foi preso num combate, no dia 20 de setembro de 1972. Eu quero saber o que, de fato, aconteceu. [Depoimento de Luíza Monteiro Teixeira — mãe de Antônio Carlos]

Esclarece também que nesta mesma época viu chegarem outros corpos conduzidos também por soldados, os quais foram sepultados neste mesmo cemitério; entre os mortos identificou por fotografias Antônio Monteiro Teixeira, Daniel Ribeiro Callado.

Segundo os depoimentos de Adélia Azevedo de Sousa, Osvaldo Rodrigues, Raimundo Bandeira, que era coveiro no início dos anos 70, e Joaquina de Sousa, no cemitério da cidade foram enterrados em três covas os corpos de oito guerrilheiros do PC do B: João Carlos Haas Sobrinho, Antônio Carlos Monteiro da Silva, Lourival de Moura, Bergson Gurjão Farias, Maria Lúcia Petit da Silva, Áurea Elisa Valadão e Daniel Ribeiro Callado.
A descrição da comerciante é confirmada pelo ex-coveiro Osvaldo Rodrigues, que garante ter visto outro coveiro do cemitério — que já morreu — enterrar no mesmo lugar descrito por Adélia o corpo de Haas e de quatro outros guerrilheiros. Segundo Joaquina Pereira, os outros corpos eram de Antônio Carlos Monteiro da Silva, Lourival de Moura, Maria Lúcia Petit da Silva e Áurea Elisa Valadão. (…).

A história do sargento Viana é emblemática da mentalidade militar que agiu no Araguaia. "Ele era um sargentinho metido a besta. Colhemos informações de que o marido da Dina (uma das mais temidas guerrilheiras do Araguaia), o Antônio, queria se entregar. A Dina teria dito: ‘Se você se entregar, eu te mato’. Mas ele estava resolvido a escapar. Quando apontou a cabeça, anunciando que desejava se entregar, o sargento Viana o matou. Eu não estava sob o seu comando, mas ouvi a história, quando nos encontramos. Esse militar, com pouco menos de 30 anos, era assustador. Ele arrancava as orelhas dos guerrilheiros e grudava-as em seu cinturão. A imagem era horrível. As orelhas ficavam pretas, mas ele não as retirava. Dizia que eram os seus troféus", declarou Goiamérico.

Entre os militantes do PC do B as "quedas" são maiores: 12 mortes e oito prisões. Entre os mortos são citados Lourival Moura Paulino, Bergson Gurjão Araújo Farias, Maria Lúcia Petit, Kléber Lemos da Silva, Idalísio …, Helenira Rezende, João Carlos Haas Sobrinho, Ciro Flávio Salazar de Oliveira, José Manoel Nurchis, José Toledo, Antônio Carlos Monteiro, Zé Francisco e Cazuza.

Morto segundo informações do Gen. Bandeira de Melo — depoimento de Regilena, no processo movido pelos familiares na 1a Vara da Justiça Federal, em Brasília.

Luzinete, mulher de Luizão sabe onde há uma cova na Reserva Indígena dos Sororós, onde estaria Antônio Carlos e um outro [José Toledo] — fica às margens da estrada, perto de São Raimundo, depoimento prestado à Comissão Especial, em julho/96.
Em julho/96, a EAAF encontrou neste local restos incompletos de esqueletos, provavelmente dois.

No "anexo B" do documento relativo à operação, o Exército listou os nomes dos 52 guerrilheiros que ainda estariam em atividade em abril de 1973. Ao longo da lista, foi mencionando os oito cadáveres que, em 1972, já haviam sido levados à cova na selva.
Identificou-os assim:
1. João Carlos Hass (codinome "Juca");
2. Fátima";
3. Idalísio Soares Filho ("Aparício");
4. "Gil";
5. José Toledo de Oliveira ("Vitor");
6. Antônio Carlos Monteiro Teixeira ("Antônio");
7. Bergson Gurjão Farias ("Jorge");
8. Kleber Lemos da Silva ("Carlistos").

Unless otherwise stated, the content of this page is licensed under Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 License