CAPPF -- História

Site so CAPPF, 30/11/2007

Nosso Centro Acadêmico Professor Paulo Freire, vejam só, é mais antigo do que a própria Faculdade de Educação: não podemos estabelecer com certeza a data de sua fundação, mas podemos indicar que ela se deu na primeira metade da década de 1950, enquanto a FEUSP só vem a existir a partir de 1970. Antes disso, o curso de pedagogia era responsabilidade da extinta Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP (FFCL-USP), que foi toda desmembrada com a Reforma Universitária de 1968.

O primeiro nome que essa entidade teve foi Centro Universitário de Estudos Pedagógicos Roldão Lopes de Barros e era carinhosamente chamada de "Centrinho" pelos estudantes. O diminutivo não significava menor importância, mas sim que existia uma entidade para todos os cursos da FFCL-USP que era o Grêmio da Faculdade de Filosofia.

Com aproximadamente 10 anos de existência, o Centrinho enfrenta seu primeiro (e enorme!) problema: o Golpe Militar de 1964.

Ainda em 1964, é publicada uma lei que proibia as entidades estudantis de existirem nos moldes que sempre existiram, e que elas deveriam se adequar ao que a ditadura entendia que deveria ser uma entidade estudantil. Mas o nosso Centrinho manteve-se firme e forte e continuou a existir durante toda a década de 1960.

Com a Reforma Universitária de 1968, há o processo de desmembramento da FFCL-USP e acaba que a FEUSP é criada e o Centrinho acaba vindo, juntamente com o que ainda restava da pedagogia no prédio da R. Maria Antônia (que era a sede da FFCL-USP) para a Cidade Universitária. E junto com essa vinda, inicia-se uma nova fase da entidade.

Na década de 1970, o Centrinho passa por transformações e acaba se envolvendo nas questões que se tornavam muito presentes no Movimento Estudantil da época. E, desde então, realizava muitas festas e atividades variadas, como exibição de filmes e debates. Isso tudo durante a ditadura, quando mesmo na USP havia repressão. Só pra ter uma idéia, dois alunos da Geologia (Ronaldo Mouth Queiróz e Alexandre Vannucchi Leme) foram assassinados por participarem de organizações clandestinas e que poderiam "pôr em risco" a "ordem" nacional.

Mas parece que, no final da década de 1970, as atividades do CA, e agora, apesar de oficialmente Centro Universitário de Estudos Pedagógicos, a entidade começava a ser chamada de CA, começam a diminuir e um povo que entra na pedagogia no ano de 1980 passa a tentar reestruturar o trabalho todo.

Esse pessoal monta uma chapa, que se chamava "Nascente", e resolve duas coisas muito importantes: mudar, definitivamente, o nome da entidade para Centro Acadêmico e homenagear outra pessoa.

A primeira decisão foi mais fácil, pois já era comum chamar todos os centrinhos de CA. Mas a segunda demandou mais trabalho. Não que os alunos da época não gostassem de Roldão Lopes de Barros — na verdade mal sabiam que ele tinha sido um professor do curso de pedagogia que falecera em 1951 —, mas havia uma razão política para tal mudança: era necessário marcar claramente a posição do CA em relação ao que se desejava do curso de pedagogia.

O nome escolhido, com direito à votação secreta e tudo, foi o de Paulo Freire por representar, essencialmente, duas coisas: a vontade d@s estudantes de ter contato com a obra de um autor que era marginalizado pela Faculdade — não se lia e nem se recomendava para leitura seus textos; aliás, é essa uma prática costumeira até hoje… —, na perspectiva de quem diz "olha, eu sei o que é preciso pra minha formação e não adianta vocês darem a mesma aula do tempo que farmácia se escrevia com ph", e a exigência de que os ideais propostos em seus textos representassem os ideais do CA.

Isto feito, o Centrinho passou a ser, depois de praticamente 30 anos de existência, o Centro Acadêmico Paulo Freire.

Mas hoje o CA chama-se Professor Paulo Freire. Acontece que houve um problema com o nosso registro jurídico - simplesmente "esqueceram" de registrar as atas das gestões no cartório — e outra entidade precisou ser fundada. Na verdade, a entidade é a mesma, só que com um nome diferente. Juridicamente, isto é, para o cartório e coisas afins, é uma outra entidade, mas para @s estudantes é ainda a mesma. Essa alteração foi em 2001 e parece que não há nem intenção nem necessidade de mudar o nome de nosso CA de novo em tão pouco tempo.

Ah! Só um lembrete: tem gente estudando a história do CA e do Movimento Estudantil da Faculdade por aí. Fiquem atentos porque pode aparecer uma oportunidade de iniciação científica sobre o tema, ou um projeto de estágio, ou ainda um bate-papo no CA, ou ainda (de novo!) um conversê num bar… Com sorte você ainda topa com um desses por aí e acaba descobrindo que aquela prima do seu tio foi diretora do centrinho, ou qualquer outra coisa bizarra — mas extremamente possível —, que só o CA pode proporcionar a você.

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