Abre a Jaula! O Porão é nosso!

MNN — Brasília17, 27.02.07
A calourada na USP começou muito bem. Muito melhor do que qualquer um teria imaginado. Já no primeiro dia, por vota das 20h, os estudantes arrancaram a grade colocada nas férias pelo diretor da FFLCH, Gabriel Cohn, no espaço dos estudantes da Sociais/Filosofia, recuperando o porão e fazendo ali uma festa.

Às 19h, depois da recepção anti-burocrática da tarde na Sociais, os bixos da noite foram recebidos com uma intervenção da corrente teatral. Um estudante amarrado era julgado pela burocracia por faltar às aulas mortas, por não pagar a mensalidade, e por pixar a universidade em protesto contra a corrupção no país. O estudante foi condenado, enquanto o Abelardo corrupto era absolvido. A Justiça justificava sua sentença dizendo que, se acontecesse o contrário, “a juventude ia querer tomar o poder”. Após o julgamento, o CORO revoltado se dirigiu à jaula do Cohn gritando ao ritmo das batidas do Maracatu: “PEGA! MATA! COME!” e “ABAIXO A JAULA!”.

O que começou apenas como um ato simbólico logo se transformou numa verdadeira ameaça à jaula, à medida que dezenas de estudantes que acompanhavam a intervenção também correram para forçar a grade. De repente a jaula estava cercada de estudantes que empurravam e balançavam as barras tentando entortá-las. Um pequeno trecho começou a ceder. “Ali! Ali!”, todos gritaram, correndo para se concentrar sobre aquele ponto. Rapidamente estava aberta uma pequena passagem para o porão, mas os estudantes só pararam quando todo aquele lado da grade foi completamente arrancado.

O Maracatu desceu as escadas junto com os estudantes, que gritavam triunfantes: “O PORÃO É NOSSO!”. Foram feitas várias pixações comemorando a ação, e depois toda a festa foi transferida para o porão; o espaço dos estudantes foi conquistado de volta, e a festa mostrava isso.

Porém, uma hora depois, isso já não era suficiente. A saída do porão para o gramado em frente ao prédio continuava trancada. Agora a festa estava enclausurada no porão. O gramado, que sempre foi uma extensão do porão nas festas da Sociais, continuava enjaulado. Foi então que um grupo de estudantes começou a forçar as portas que dão para o gramado, até arrombá-las.

Sabendo do que estava acontecendo, outro grupo de maracatu, que tocava na História/Geografia, foi em cortejo até a Sociais, e chegou justamente pelo gramado. Um grande número de estudantes se aglomerou então ali no gramado, re-fundando a festa mais uma vez.

A ação dos estudantes na Sociais já teve grande repercussão, e foi fundamental para começarmos o ano retomando a movimentação contra a repressão na USP. Depois dos graves ataques ocorridos durante as férias, os estudantes voltaram à USP dando uma resposta importantíssima. Na mesma noite, a Guarda Universitária passou discretamente pelo prédio da Sociais para fazer um boletim de ocorrência. Cohn certamente responderá à nossa ação com novos ataques, e nós precisamos nos organizar para barrá-los.

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