Moradia estudantil, reivindicação antiga do Movimento Estudantil da UFES

Blog ocupaufes, 15 de junho de 2007

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Reivindicação antiga do Movimento Estudantil da UFES, a luta pela moradia estudantil é um dos principais motivos pelo qual os estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo ocuparam hoje (15/06) a Reitoria da Instituição.

Nas últimas décadas, a Educação e o Ensino Superior Brasileiro tem passado por um processo de sucateamento, resultado direto da política neoliberal aplicada no país. Em 1997, a verba destinada à assistência estudantil foi cortada por Fernando Henrique Cardoso. O Governo Lula, em seu projeto de Reforma Universitária, mantém a mesma ótica neoliberal do governo anterior, priorizando a iniciativa privada em detrimento da Universidade pública.

A reivindicação histórica completa agora um novo capítulo. A ocupação da Reitoria é herança direta das lutas que começaram com a ocupação do Teatrinho da Ufes pelos estudantes de Psicologia, Artes e Física, que na época foram expulsos do local e processados pela Universidade.

Educação presencial, pública, gratuita e de qualidade todos.

Com apenas 3% de seus estudantes vindos de origem popular, a Ufes é considerada uma das Universidades mais elitizadas do Brasil. Os estudantes de baixa renda, depois de conseguirem transpor a barreira excludente e injusta chamada vestibular, ainda se deparam com a total falta de condições de se manterem em seus cursos. Tadeu Guerzet, estudante de Economia e Coordenador Geral da atual gestão do DCE da Ufes, afirma que a mobilização começou através de estudantes independentes, mas que o Diretórico Central dos Estudantes abraçou a causa, aproveitando a onda nacional de mobilização dos estudantes. “A assistência estudantil é um direito de todos os estudantes e um dever da Universidade e do Governo Federal. O fato de não termos um projeto estrutural pronto, de como esse prédio vai ser construído, não influencia em nada a nossa certeza da necessidade do mesmo”. Segundo ele, os estudantes de baixa renda e do interior são os que mais sofrem: “quem não pode pagar o aluguel perto da Universidade, localizada em um bairro nobre, além de ter que morar longe, ainda gasta muito com dinheiro de passagem”.

Ana Paula, estudante de História e da gestão do DCE, também traz uma questão importante: “A luta por assistência estudantil está intrinsecamente ligada à luta pela implementação de políticas afirmativas na Universidade. Políticas de acesso como as Cotas devem ser acompanhadas de políticas de permanência, se não os estudantes que entrarem por meio das Cotas não poderão se manter na Universidade e continuar seus estudos”.

Wanderson Mansur, estudante de Comunicação e participante do Projeto Conexões de Saberes, completa. Para ele, a luta por assistência estudantil aborda outras questão além da moradia estudantil. Segundo ele, uma discussão que é essencial de ser feita é a das bolsas de pesquisas, monitoria e extensão. “Alunos de origem popular não fazem pesquisa; primeiro porque têm que trabalhar e muitos professores exigem dedicação exclusiva, e segundo porque as bolsas são oferecidas usando o coeficiente como critério”. Para Wanderson, as bolsas deveriam ter como critério o recorte social, já que a maioria dos estudantes que ocupam as vagas de monitoria e pesquisa não precisam do dinheiro da bolsa, enquanto os estudantes de origem popular se esforçam para manterem-se na Universidade.

Comentários

Naiady Disse:

Junho 15, 2007 em 6:43 pm
Massa, galera! Parabéns pela ocupação… vou divulgar o site.

De quem é o busto?

Lucas Disse:

Junho 15, 2007 em 6:54 pm
Mantenham o blog atualizado para fazer circular as informações sobre a ocupação. Tenham certeza que isso vai pressionar a mídia a não fazer uma campanha tao escancarada contra a ocupação…
Facam programas de radioweb ao vivo, coloquem videos no youtube…

Ramon Zagoto Disse:

Junho 15, 2007 em 7:46 pm
vlw galera

Naiady,
o busto é de um ex-professor que foi reitor da ufes há 17895 anos atrás.

Carol Ornellas Disse:

Junho 15, 2007 em 7:58 pm
Arrasaram por aqui!
Ponham bastante fotos e notícias!
E vamos em busca de apoios! o/

wlmansur Disse:

Junho 16, 2007 em 1:56 am
Bom só gostaria de reavaliar algumas informações sobre a minha fala.
Os bolsistas de pesquisa não são escolhidos a primeira vista por meio de coeficiente acumulado. Eles são escolhidos primeiro pelos professores, a escolha normalmente é feita por uma política clientelista, na qual o professor escolhe os alunos que são mais “chegados”. É importante destacar que isso não é regra geral , mas não deixa de ser uma prática recorrente. Porém, alguns professores escolhem seus bolsistas levando em consideração a afinidade que estes têm com algumas problemáticas a serem estudadas.

Voltando ao coeficiente, esse é um segundo momento. Por exemplo, no edital do PIBIC/PIVIC o professor tem direito a dois bolsitas e a três voluntários. A escolha dos bolsistas é feita pelo professor. Porém caso um desses bolsistas desistam da bolsa, a PRPPG se encarrega de escolher o voluntario que vai receber essa bolsa. O critério utilizado pela PRPPG é o de coeficiente acumulado.

Portanto minha fala se baseava na seguinte proposição. As bolsas de pesquisa, extensão e monitoria deveriam ter como critério básico de seleção o recorte social, caso seja implantada o sistema de cotas raciais, que posteriormente seja adotado o sistema sócio-racial.

Existem casos múltiplos de alunos que têm bolsa de monitoria, que efetivamente não precisam do dinheiro da bolsa, não sendo esta para eles indispensável para a sua manunteção na universidade.

Rafa UFF Disse:

Junho 16, 2007 em 12:29 pm
Gente,
Muito bom ver a luta se espalhando pelos 4 cantos do Brasil.
Parabéns aos estudantes e ao DCE da UFES.

Precisamos radicalizar mesmo contra o processo de sucateamento e privatização das universidades públicas. Precisamos nos unir para lutar contra a reforma universitária nacionalmente e dentro de cada universidade de nosso país.

Estamos aqui do Rio de Janeiro apoiando essa galera de luta do ES.
Grande abraço,
Rafa
Comunicação — UFF
Nós Não Vamos Pagar Nada

wlmansur Disse:

Junho 16, 2007 em 2:32 pm
Segundo dados recentes de uma pesquisa feita pela PROGRAD em parceria com Programa Conexões de SAberes, no vestibular de 2006 cerca de 40% dos estudantes que entraram na Ufes são originários das redes públicas de ensino, isso não implica dizer que nesse bojo estão incluídos os negros. Estes últimos representam apenas 6% do total de alunos que entraram na Ufes nesse ano, estando aí incluídos os negros totais, isso quer dizer provenientes de todas as classes sociais e não apenas os de origem popular.
Quais critérios qualificam um estudante de origem popular?

Bom os critérios utilizados pelo Conexões de Saberes, único programa de ação afirmativa da Ufes, são os seguintes:

  1. Ter estudado a vida toda em escola pública;
  2. Residir em bairro considerado popular;
  3. Ter pais que cursaram até o ensino fundamental;
  4. Ter renda de até seis salários mínimos;

O item 4 foi alterado, pois no seu modelo inicial se previa que os estudantes contemplados deveriam ter renda de até 3 salários mínimos, mas como houve dificuldade de se preencher as 86 bolsas oferecidas pelo programa atualmente na Ufes, a renda passou a ser seis salários mínimos. Isso representa um padrão salarial considerável se compararmos a média salarial brasileira…
é isso.

Camila Disse:

Junho 16, 2007 em 10:31 pm
Ei Compas,

parabéns pela ocupação … queria muito estar presente!!! Mas, infelizmente por motivos de saúde fiquei impossibilitada!!! Em breve estarei ai para somar!!!

PARABÉNS AOS/AS LUTADORES/LUTADORAS!!!

Adriano Correa Disse:

Junho 17, 2007 em 4:54 am
A ocupação da reitoria da UFES resgata as melhores tradições de luta e resistência do movimento estudantil brasileiro. Foram os estudantes que doaram sua energia, sua paixão e, muitas vezes, sua vida, para iniciar um movimento em defesa da democracia que durou vários anos e que culminou com a redemocratização do país. Foram os estudantes que, na época da ditadura militar, assumiram a linha de frente contra um regime autoritário, implantado no país a ferro e fogo, com o apoio das elites.

Agora, em 2007, foi preciso a teimosia, a desobediência e a rebeldia de um grupo de estudantes que ocupou e sentou no prédio da reitoria.

O bonito é perceber o que representa um coletivo que se manifesta. Numa sociedade onde o indivíduo por ele mesmo, e só ele mesmo tem importância, no esquema “eu na minha e o resto que se dane”, é belíssimo constatar que ainda existe coletivo, que as pessoas vão para as ruas manifestar sua opinião e lutar por uma causa de todos, pública — mesmo sabendo dos riscos de ter seu semestre totalmente atrasado e suas férias apagadas do calendário acadêmico.

Tenho a convicção de que essa inédita ocupação resistirá ao imobilismo de uma parcela do movimento estudantil engessada no aparelho federal e de um PT em rota de colisão suicida contra a própria história.

Por isso camaradas, ai vai uma recomendação:

Não pare na pista
É muito cedo prá você se acostumar
Amor não desista
Se você pára o carro pode te pegar

saudações fraternas e socialistas,

ADRIANO CORRÊA, presidente do PSOL em Vitória, presidente do UNAFISCO Sindical, ex-estudante de Economia na UFES (1981/1984) fundador do CALECO, ex-estudante de Direito na UFES (1998/2003), membro do CARLF na gestão 1999

João Junior Disse:

Julho 5, 2007 em 4:28 pm
valeu galera pela luta q vcs travaram aí em sua universidade. eu me chamo joão junior sou atualmente vice-presidente psol PI. ex-ENESSO; ex-diretor DCE-UFPI(2004); atualmente estou como diretor do CA de Serviço Social e concorrendo em uma nova chapa para o DCE ( È PROIBIDO COCHILAR) construimos essa chapa impulsionados pelas lutas dos estudantes q surgiram em todas as universidades, e pela necessidade de reorganizar a luta aqui na ufpi. estamos buscando apoio para essa luta tendo em vista um conjunto de tarefas no sentido de barrar essa reforma universitária maléfica em todos os sentidos. aqueles que desejam nos apoiar entrar em contato comigo. o mais rápido possivel. abraços revolucionarios.

“diz-se violento as aguas de um rio que tudo leva.
mas, não dizem violentas as margens que o oprime”

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