Carta de solidariedade à APROPUC

Pucviva nº649, 10 de março de 2008
FALA COMUNIDADE

Conselho dos Centros Acadêmicos

Em seu usual espírito autoritário, a Reitoria, indignada com a solidariedade da APROPUC em relação às vítimas da mais recente inquisição puquiana, ameaçou usar “os meios necessários" para se defender de uma carta que a associação publicou no dia 20/02, em defesa dos Direitos Humanos das vítimas da gestão Maura Véras. A Reitoria conclama em ameaça um direito que nega aos estudantes sindicados por se oporem à direção da universidade.

A incoerência e a agressividade da resposta da Reitoria demonstram o desconforto do comando da universidade em lidar com opiniões distintas da sua. Pouco se pode esperar de uma Reitoria que utiliza a polícia para silenciar estudantes dos quais discorda. A indiferença ao diálogo — sendo este, no entanto, falaciosamente forjado em suas cartas através de um discurso “democrático” —, marca da atual ordem de funcionamento da PUC-SP, novamente se fez presente nesta rancorosa manifestação direcionada à APROPUC.

A Reitoria, com o apoio do Conselho Universitário — frise-se: sob intervenção —, ao abrir o processo de sindicância (às pressas e durante as férias), iniciou uma clara perseguição política contra alguns estudantes, numa tentativa de personificar o movimento estudantil. As perseguições, que também incluem obstáculos à rematrícula e ameaças a professores que apoiaram a ocupação, mancham de forma irreversível o histórico da PUC-SP. O caráter claramente punitivo das sindicâncias não engana a ninguém, independente dos esforços da atual gestão em maquiar a realidade.

Os sindicados, que sequer tinham ciência do conteúdo do processo e do propósito dos depoimentos, reagiram em choque à convocação. Afastada a possibilidade de que os mesmos se preparassem conforme os marcos legais para os depoimentos, a Reitoria teve a audácia de alegar que os arrolados “negaram-se a depor sob diversas alegações”. Além de os indiciados sequer serem ouvidos inicialmente, as acusações estão centradas sobre os depoimentos das chefias da empresa de segurança privada Graber, cuja notória violência e hostilidade aos estudantes são conhecidas dentro (e fora) da comunidade.

A luta por uma estrutura universitária democrática passa por uma ação conjunta de funcionários, professores e estudantes na formulação de um novo estatuto. É por esse motivo que apoiamos e nos solidarizamos com a legítima manifestação dos professores, através da APROPUC, contra as sindicâncias da Reitoria. Estamos convictos de que o rancor da gestão Maura Véras não silenciará a APROPUC; apenas lhe dará mais incentivo na luta por uma universidade democrática e autônoma, livre do autoritarismo da atual gestão. Convocamos a todos para unirmo-nos em torno do recém-criado Comitê Contra a Repressão e o Redesenho, onde juntos poderemos refletir sobre o projeto de uma universidade voltada à pesquisa e à produção acadêmica autônoma, a serviço da emancipação da sociedade. Parabenizamos a APROPUC pela sua coragem e dignidade, e lembramos à Reitoria que juntos, nós, estudantes, funcionários e professores, continuaremos na luta por esta construção.

Conselho dos Centros Acadêmicos: 22 de Agosto, Benevides Paixão, CARI, Clarice Lispector, CASS, CAFIL, CACS.

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