Policia novamente na fundação...

A Assessoria Jurídica da Fundação, a mando do reitor Odair Bermelho, entrou com um processo contra 29 professores e 21 alunos da Fafil nesta segunda-feira (15). Trata-se de ação possessória, e até então a informação que se tinha é a de que estavam sendo acusados de possuir algo da FSA, que a mesma queria restituir — o processo não especificava o que deveria ser restituído. Vale lembrar que os advogados da reitoria são pagos com o dinheiro das mensalidades dos alunos.

Segundo matéria veiculada na Folha Online deste dia, “Os réus da ação proposta (…), de acordo com a reitoria da fundação, estão acampados há mais de um mês na unidade”.

Esta é uma informação inverídica. Nenhum professor acampou na faculdade. Podemos imaginar que os nomes que foram citados no processo foram escolhidos “aleatoriamente” — um professor nem está no país e alunos que não acamparam na faculdade tiveram seus nomes citados no processo. Ou, nas palavras veiculadas em matéria do G1 (Globo Online) do dia 16, “a assessoria de imprensa da FSA informou que foram acionadas as lideranças do protesto”.

Se a matéria do G1 está correta, a assessoria da FSA admitiu processar estudantes e professores simplesmente por participarem do movimento, por se colocarem contra a permanência do reitor, e utilizaram o acampamento simbólico e provisório dos alunos (pois ninguém pretende morar ali, mas apenas manifestar sua indignação e realizar pressão para o atendimento das reivindicações) como motivo para perseguir e intimidar os que se opõem à gestão Odair Bermelho.

Os estudantes estavam dispostos a sair do prédio assim que as reivindicações do movimento fossem atendidas, mas em nenhum momento sua pauta de reivindicações foi discutida ou negociada — o reitor e seus funcionários comissionados não têm interesse em dialogar, tratam os problemas acadêmicos chamando a polícia ou processando quem os questiona. Mais uma vez, uma ação que pretendia gerar medo causou mais indignação.

Pois bem. No dia 16 a reitoria conseguiu uma liminar garantindo a reintegração de posse dos prédios da Fafil, Colégio e Anexo II. “Por meio de sua assessoria de imprensa, a reitoria argumenta que a desocupação do prédio é necessária para garantir o acesso dos estudantes às aulas.” (Folha Online de 16/10/2007)

A Assessoria de Imprensa da Fundação Santo André não deve ter ido ao prédio da Fafil neste último mês, pois se tivesse ido veria que o acesso do prédio não está obstruído. O próprio oficial de justiça que esteve na Fundação nesta terça-feira circulou livremente pelo prédio, assim como todos que o desejam. As aulas não estão deixando de acontecer por nenhum impedimento físico, mas porque os alunos estão em greve — reafirmada por votação em assembléia geral desta terça-feira.

Por volta das 13h30, chegou à FSA o oficial de justiça Antonio Testa Marchi, acompanhado de advogados da reitoria, para dar andamento no processo de reintegração, comunicando a existência da liminar. Cerca de 60 estudantes e alguns professores já informados da vinda do oficial, o aguardavam. A imprensa também havia sido acionada, pois não se sabia se o oficial viria sozinho ou com a polícia.

Ele vistoriou o pátio e o piso superior do prédio e foi convidado por professores e alunos para conversar em uma das salas de aula, para que esclarecessem o objetivo das manifestações.

Ainda no mesmo dia, os estudantes e professores obtiveram a informação de que a tropa de choque viria à fundação retirar os alunos que ali estivessem. Resolveram acionar advogados, que compareceram à noite à instituição para prestar orientações.

Decidiram na reunião do comando de greve continuar na faculdade. À 2h25 da madrugada a Tropa de Choque chegou, com cerca de 300 homens, desta vez munida de mandato. Os alunos e professores, aproximadamente 70 acompanhados de advogados, não reagiram — procuraram estabelecer um diálogo. A polícia fechou o prédio para que ninguém saísse. Apressados em desocupar o prédio, os policiais deram 5 minutos para que eles saíssem, senão seriam presos em “flagrante”.

Por volta das 2h50 os alunos professores e advogados começaram a sair, de 5 em 5, sem poderem levar as barracas do acampamento ou seus pertences, apenas saíram com seus documentos, tendo seus nomes e RGs anotados e quem estava sem documentos foi levado para a DP. O mandato era de reintegração do prédio da Fafil, mas os policiais obrigaram os alunos a sair da faculdade e ficar na rua.

Para finalizar, ainda na Folha Online, consta que “De acordo com a reitoria, as aulas perdidas serão repostas, mas é importante que as aulas sejam retomadas rapidamente ou a reposição será impossível e o ano letivo será perdido”. Em relação a isso, só temos uma coisa a dizer:

FORA ODAIR!!! E LOGO!!! QUEREMOS SIM NOSSAS AULAS REPOSTAS, MAS SEM VOCÊ E SEUS QUASE 50 CARGOS DE CONFIANÇA NA FSA! NÃO QUEREMOS QUALQUER AULA, MAS BOAS AULAS COM INFRA-ESTRUTURA, O QUE EXIGE UMA ADMINISTRAÇÃO PREOCUPADA COM A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO, NÃO A SUA!!!

SE A FSA NÃO TIVESSE TANTOS PROBLEMAS E IRREGULARIDADES NÃO PRECISARÍAMOS NOS MANIFESTAR! !!

CHEGA DE POLÍCIA NA F$A!!!!

SE AS PAUTAS DE REIVINDICAÇÃO FOREM ATENDIDAS A NORMALIDADE ACADÊMICA VOLTARÁ!!!

Matéria que saiu no UOL NEWS:

Blog da ocupação, Quarta-feira, 17 de Outubro de 2007

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