G1/globo.com, 07 de abril de 2008
Alunos protestam contra a ação da PM no campus Pampulha na última quinta-feira.
Eles apresentam nove itens na pauta de reivindicações.
Em assembléia realizada na noite desta segunda-feira (7), os estudantes que ocupam desde o início da tarde o saguão do prédio da reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG buscar), em Belo Horizonte, decidiram continuar a manifestação. Eles fazem um protesto contra a ação da Polícia Militar na última quinta-feira (3) durante a exibição do documentário “Maconha - Grass” no Instituto de Geociências (IGC), no campus Pampulha.
Os estudantes discutiram a reunião realizada à tarde com o reitor da UFMG, Ronaldo Pena, e a vice-reitora, Heloísa Starling. De acordo com Marco Túlio de Melo Vieira, 19, membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e aluno do curso de comunicação social, os manifestantes decidiram manter a "ocupação pacífica", pois apenas dois itens da pauta de reivindicações foram atendidos.
"Na verdade, o único ítem atendido foi a audiência pública realizada hoje. O outro, que garante o direito de realizar todo o tipo de atividade no campus, não teve um encaminhamento para ações concretas", diz Vieira.
De acordo com nota divulgada no site da UFMG, a reitoria lamentou o resultado da assembléia, pois acreditava que os alunos, depois da conversa realizada à tarde, com duração de mais de três horas, optariam pela desocupação.
Ainda segundo a nota, o reitor acredita que a permanência dos estudantes na Reitoria não contribui para que se encontre uma solução para as questões que motivaram o movimento dos estudantes. Ele diz que "agora, caberá aos Órgãos de Deliberação Superior da Universidade a decisão sobre que medidas tomar".
De acordo com Vieira, os estudantes marcaram uma nova assembléia para às 12h desta terça-feira (8).
PM no campus
A manifestação começou no início da tarde dessa segunda e por volta das 15h os estudantes invadiram o saguão da reitoria. Eles protestam contra a ação da PM durante a exibição de um documentário sobre maconha que havia sido proibida.
"O filme havia sido proibido pela diretora do instituto, mas os alunos organizaram a sessão e passaram o filme. Aí a polícia chegou e fechou o prédio. Um estudante que estava no prédio e nem assistiu ao filme foi impedido de sair e depois de agredido, foi algemado e levado para uma viatura. Outros estudantes também sofreram agressão", conta Vieira.
Em nota divulgada na sexta-feira (4), a reitora em exercício, Heloísa Starling, lamentou a ocorrência dos fatos e afirmou repudiar qualquer ação de violência praticada e que não autorizou nem a presença nem a ação da Polícia Militar. A nota esclarece, ainda, que serão tomadas providências para apuração dos fatos e das responsabilidades.
A PM, no entanto, afirma, em nota divulgada à imprensa, que foi acionada por telefone por um funcionário da Divisão de Segurança da UFMG sob alegação de que um grupo de seguranças estava sob ameaça.
O documento da PM diz ainda que, segundo policiais que participaram da operação, a chegada de policiais gerou protestos por parte dos estudantes que participavam do encontro denominado “A marcha da maconha”. Ainda de acordo com relato dos policiais, objetos foram arremessados contra os militares, que solicitaram reforço. Um estudante foi preso por desacato à autoridade policial. Uma estudante foi atingida por pedra atirada por um grupo de alunos e foi encaminhada ao Hospital João XXIII.
A PM informa que abriu apuração interna para verificar as circunstâncias em que ocorreu o incidente e "tomará as providências quanto a possíveis irregularidades".
Pauta de reivindicações
- Audiência pública com a reitoria
- Direito a realizar todo tipo de atividade no campus, nada pode ser censurado dentro de uma universidade
- Suspensão de todos os protestos administrativos contra os estudantes que se manifestam em luta, chega de punições
- Retratação pública da reitoria
- Fim da parceria entre Polícia Militar e a UFMG, segurança não é repressão
- Abertura de um inquérito administrativo contra os responsáveis pela entrada da Polícia Militar no campus com comissão paritária composta por funcionários, professores e estudantes- sendo estes eleitos em assembléia estudantil
- Que a universidade faça uma denúncia na corregedoria de polícia, vamos lutar pela punição dos excessos e agressões cometidos pela PM
- Que todos os diretores de unidades se manisfestem
- Posicionamento da reitoria sobre outras agressões no campus, como o trote realizado para os calouros de engenharia