Estudantes ocupam reitoria da UFPR

Informe sobre a ocupação da reitoria da UFPR em outubro de 2007 e sobre o REUNI

Jornal Comunicação
17 de outubro de 2007

Principal exigência é a criação de um plebiscito para votar o Reuni

Cerca de 80 estudantes da UFPR iniciaram hoje (17) à tarde a ocupação do prédio da reitoria, por tempo indeterminado. O motivo foi a decisão do Conselho Universitário (Coun) de votar a adesão da universidade ao Reuni, projeto do Governo Federal que visa aumentar o número de vagas na universidade. A última ocupação da reitoria ocorreu em 2005.

Os alunos exigem que essa decisão seja tomada por voto universal, uma vez que os alunos e técnicos têm, somados, apenas 30% dos votos no conselho (contra 70% dos professores), e afirmam que só sairão da reitoria com a homologação de um plebiscito. “O Reuni é um decreto que modifica radicalmente a estrutura da comunidade acadêmica, é injusto que uma decisão dessas se restrinja à burocracia da universidade”, afirma a estudante de Ciências Sociais Gabriela Caramuru. A reitoria ainda não se manifestou sobre o assunto.

Os alunos se reuniram, inicialmente, no Restaurante Universitário (RU) do Centro Politécnico, e seguiram a pé até a Reitoria, aonde chegaram por volta das 14h30. A decisão final de subir até o gabinete do reitor Carlos Augusto Moreira Júnior foi tomada em assembléia pelos estudantes no pátio. A idéia seria discutir diretamente com ele a questão do plebiscito. A invasão foi pacífica, sem registro de violência por parte dos alunos ou da segurança. No entanto, o reitor não estava presente. De acordo com uma funcionária, Moreira está em Brasília, e só deve voltar amanhã.

Os estudantes dizem que a reunião do Coun estava marcada para o dia 18 e a adesão ao Reuni era um dos assuntos em pauta. A manifestação, que inicialmente não previa a ocupação da Reitoria, pretendia pressionar o reitor a aceitar um plebiscito com voto universal para discutir a questão, e cancelar a discussão no Coun. No entanto, o secretário dos órgãos colegiados, Dionei José da Silva, negou a existência da reunião do Coun. Ele afirma que apenas uma reunião do Conselho de Planejamento e Administração (Coplad) estava marcada para essa semana.

O que é o Reuni?

O Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) é um projeto do Governo Federal, homologado em abril desse ano, e tem como principais metas a diminuição da evasão, o aumento da taxa de graduação (percentual de alunos que se formam em relação aos que entram) para 90% e o aumento de vagas, especialmente no período noturno — a meta é que cada universidade tenha uma relação de 18 alunos por professor. Em troca, as universidades participantes do programa recebem verbas adicionais relativas a um plano de reestruturação submetido ao Ministério da Educação (MEC), desde que as metas sejam cumpridas. A adesão ao projeto é facultativa.

Para os manifestantes, o Reuni deve acrescentar problemas à UFPR. “O aumento que a gente receberá não é suficiente para comportar a quantidade de alunos novos que entrarão”, afirma o estudante Thiago Leucz Astrizi, de Ciências da Computação. “Primeiro a gente teria que aumentar o espaço para só depois receber o financiamento”, explica. Para Thiago, o aumento de vagas é necessário, mas isso só poderia ser feito com um aumento da porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação – o que não está previsto no projeto.

“A meta de 18 alunos por professor é absurda”, afirma a estudante Gabriela Caramuru. “Ela precariza o trabalho do professor e impede a pesquisa e a extensão”, completa. Além disso, Gabriela acredita que a diplomação de 90% dos alunos foge da realidade da universidade.

Já para a pró-reitora de Graduação Rosana de Albuquerque Sá Brito, o Reuni seria positivo para a UFPR. Ela argumenta que a porcentagem de diplomação não se refere aos alunos, e sim às vagas, e que, com programas de reaproveitamento de vagas como o Provar, a universidade tem capacidade para atingir essa meta. De acordo com Rosana, cursos como Odontologia, Farmácia e Medicina conseguem esses 90% sem que haja uma perda na qualidade do ensino. A pró-reitora afirma também que a universidade tem estrutura suficiente para o aumento no número de estudantes.

Unless otherwise stated, the content of this page is licensed under Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 License