Alunos protestam contra interdição de moradia estudantil na Unicamp

CUT-Brasil, 30 mar 2007

Desde a última terça-feira (27/03), duzentos estudantes ocupam reitoria da universidade contra a política de assistência estudantil da universidade

Nos últimos meses, os estudantes que vivem na Moradia Estudantil da Unicamp começaram a notar o aparecimento de rachaduras nas construções. Engenheiros do campus realizaram perícia no local e, por motivos de segurança, desocuparam a moradia. Mais de trinta alunos ficaram desalojados — e os estudantes, revoltados, atribuem o acidente à falta de verbas destinadas à assistência estudantil.

Em nota pública, a Unicamp afirma que o aparecimento das rachaduras foi precedido de fortes chuvas na região de Campinas, que teriam feito com que o terreno cedesse. A universidade se propôs a pagar R$ 200 a cada estudante desalojado para custear possíveis despesas com moradia.

Para os estudantes, R$ 200 não custeiam a moradia estudantil. "Em Campinas o custo de vida é muito alto. O estudante da Morada é carente, e a gente quer que eles paguem também água e luz, porque lá na morada os estudantes não pagavam isso", afirma Ricardo Alves, o "Bob", estudante de Ciências Sociais e membro da coordenação do DCE da Unicamp. Ricardo conta que hoje os estudantes desalojados estão abrigados na casa de amigos.

Para o DCE, o processo de desmoronamento "é a prova da falta de financiamento e da má administração do Programa de moradia Estudantil". "Há um tempo já havia rachaduras no prédio. Os moradores falaram para a administração, mas eram negligenciados", reclama Ricardo. Os estudantes atribuem o problema ao corte de verbas destinadas às universidades estaduais paulistas, ocorrido no começo deste ano.

Com uma lista de reivindicações, cerca de 200 protestantes ocuparam a Reitoria da Unicamp na manhã desta terça. Além da imediata reconstrução do Bloco B e do pagamento das despesas dos desalojados, os estudantes pedem ampliação no número de vagas e a mudança na administração da Moradia Estudantil. Os alunos protestam também contra as eleições para a representação discente no Conselho Universitário e exigem uma nota pública da reitoria da Unicamp repudiando o corte de verbas do governo estadual.

Ricardo conta que depois da ocupação houve uma reunião entre os estudantes e a reitoria — que se recusou a conversar enquanto os alunos permanecessem acampados. "Temos colchões e estamos preparados para ficar por tempo indeterminado", disse o estudante.

Já a assessoria da universidade afirmou que hoje durante o dia serão negociadas as reivindicações dos estudantes. Na nota pública, divulgada ontem, a Unicamp informa que vai reformar as residências e projetar uma reforma geral na moradia.

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