Estado de S.Paulo, 23 de outubro de 2007
Por Renata Cafardo e Tiago Décimo
Contra programa do MEC, eles recusaram ordem judicial e permanecem no campus de Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo
Apesar de receberem ontem um oficial de Justiça com liminar da juíza federal Adriana de Zanetti, da 2ª Vara, ordenando a reintegração de posse, alunos do campus de Guarulhos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) decidiram continuar a invasão iniciada na quarta-feira. Eles protestam contra programa do Ministério da Educação (MEC) que dará verbas às instituições federais em troca de aumento de vagas. A reitoria avisou que não vai tentar impedir o uso da força policial na retomada do local.
“Desde quarta-feira esperamos que eles desocupem o prédio. Nós não vamos deixar que aconteça o que aconteceu na Universidade de São Paulo”, afirmou o chefe de gabinete, Reinaldo Salomão, referindo-se à invasão da reitoria da USP por 50 dias, iniciada em maio.
Ontem, a deputada federal e primeira-dama de Guarulhos, Janete Pietá (PT), esteve no local para tentar negociar com a reitoria em nome dos estudantes. “Acho que eles têm algumas reivindicações justas, como a ampliação da biblioteca e o pedido de um restaurante no campus”, afirmou.
Após a saída dos oficiais, que ficaram por três horas esperando, os estudantes decidiram permanecer no prédio pelo menos até hoje, às 19h30, quando farão uma nova assembléia. Enquanto isso, as aulas estão suspensas e a entrada do prédio está bloqueada com cadeiras. Professores que acompanhavam ontem a negociação com policiais discordavam da atitude dos alunos. “Eles estão quebrando canais de negociação”, disse a professora de história contemporânea Ana Nemi.
Inaugurada neste ano, a unidade de Guarulhos da Unifesp tem 400 alunos. Só 30 participam da invasão. São oferecidos cursos de Filosofia, Ciências Sociais, Pedagogia e História.
Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apenas seis alunos continuavam no salão nobre da reitoria ontem. Eles também protestam desde quinta-feira. Na Federal do Paraná, os alunos continuam a ocupação enquanto o reitor anuncia o desejo de negociar uma saída pacífica. Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), os alunos, que ocupam a reitoria há 23 dias, proibiram a entrada de funcionários.
Os protestos, que não contam com apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE), é contra o programa Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que destinará R$ 2 bilhões às instituições que apresentarem projetos de melhoria.