CMI — 12 de setembro de 2007
A GUILHOTINA
Um jornal atemporal.
União da Juventude Jacobina
A questão é complexa
Como o entendimento do MNN seria uma tarefa por demais complexa dados os profundos emaranhados de elementos metafísicos, passaremos à tentativa de análise e representação para chegarmos a uma conclusão.
A expressão que melhor representa o movimento deve passar pelo fato de que o movimento nega o sistema capitalista, afirma estereótipos de consumo de antigas vanguardas da época dos pais destes elementos como o concretismo e o tropicalismo, vistos como elementos de progresso da cultura, afirmando este aspecto da cultura de massa, apesar de seus elementos de inclusão perversa no capitalismo antropofágico contemporâneo, e, somando a isso no aspecto cultural temos a afirmação de uma assimilação da cultura popular instrumentalizada como elemento estético-propagandístico transformando-a numa afirmação do elemento burguês por excelência, isto é, a universidade, realizando propriamente uma negação da cultura popular, especialmente ao considerarmos o mau uso das alfaias e o ritmo quadrado dos toques ao criar um repertório terrível de ritmos de maracatu, que não são em si ruins, apenas são mal executados, mas o aspecto de novidade deste recurso gera um impacto positivo para o grupo ao chamar a atenção utilizando as pulsões como isca para uma forma política entrando outros elementos instrumentalizados como o próprio figurino e a abordagem de vendedor de seguro ao distribuir panfletos.
Passemos à postura propriamente política: a teoria de vanguarda leninista tropical (abaixo do equador, onde não há pecado) demonstra que vale de tudo contra ou a favor daqueles que não fazem parte da articulação política do grupo, enquanto os demais, executores do próprio grupo realizam seus subterfúgios partindo do pressuposto que todos que não atendem os seus slogans são idiotas.
Além disso, quando atuam com outros, realizam ou a tática chamada por alguns de "Mamãe, caguei, vem limpar…" que é o aspecto de atuação de se vincular só quando as outras pessoas construíram algo para então, de surpresa entrarem com a pauta deles se apegando firmemente até que todos concordem.
Ao perceber que muitas vezes as pessoas não concordam, eles lançam mão da teoria da conspiração que acompanha a longa marcha do trotskismo desde o delegado de Petrogrado até o Luís Gushiken…
Então, resumindo, quando eles percebem que está na hora de disputar o espólio político de algo que não participaram eles aparecem colocam o slogan e quando perdem a votação, soltam a onda de que todo mundo é contra revolucionário, assim como aconteceu na ocupação.
Além disso, a afirmação da negação em fazer qualquer coisa física identificada como "coisa de subalterno" já que eles são a vanguarda contra o capitalismo, apesar dos outros, em geral, não perceberem, faz com que notemos a relação destes com os trabalhadores.
É possível pensar um mundo socialista com empregadas domésticas, copeiras e outras tarefas? Eles esperam que o capitalismo resolva estas contradições antes sem suar o rostinho embonecado das Patis e dos Boyzinhos vermelhinhos? O mundo socialista terá Caetano Veloso e os Irmãos Campos com Baluartes? Le Corbusier é um intérprete do Capital?
ILUSTRAÇÃO LÓGICA DO PROCESSO:
Deixemos estas e outras questões complexas e passemos a uma tentativa de ilustrar a questão do ponto de vista lógico antes de compreendermos a dialética profunda subjacente em seu estatuto lógico e ontológico inspirados em eminentes marxistas:
Inicialmente, em sua forma aparente, isto é, ideologicamente, a Negação da Negação é uma afirmação:
Negação (-) da Negação (-)
(-) + (-) = (+)
isto é, é equivalente a uma Afirmação!, com o entendimento no sentido de que sua ação é uma negação, que, conforme descobrimos pela constatação empírica acaba por afirmar aquilo que nega. Mas que, neste momento tentamos desvendar este processo segundo seu estatuto lógico-ontológico, portanto, não nos enganemos quando do entendimento da profunda metafísica de sua essência a partir da análise concreta de suas formas realizada no primeiro parágrafo em sua reconstituição lógica e ontológica do ponto de vista material:
No caso, sabemos que a Negação da Negação :
afirma que (+)
nega o sistema capitalista (-)
afirma estereótipos de consumo (+)
afirmando este aspecto da cultura de massa (+)
realiza a afirmação de uma assimilação da cultura popular instrumentalizada como elemento estético-propagandístico (+)
realiza a afirmação do elemento burguês por excelência, isto é, a universidade (+)
realiza a negação da cultura popular expropriando-a pela burguesia (-)
Equacionando:
{[(+) + (-) + (+)] + [(+) + (+)] + [(+) + (-)]} =
{[-] + [+] + [-]} =
{[-] + [-]} =
{+}
Num próximo passo devemos somar as formas de sua aparência com a sua essência:
Aparência (+) e essência (+) afirmadoras:
(+) + (+)= (+)
Resultando que segundo a mais simples análise lógica das formas chegamos à conclusão de que o Movimento Negação da Negação continua sendo uma afirmação. Notemos que há a questão dialética que coloca em níveis iguais diversas formações sociais do sistema capitalista que, ainda que queiram negá-lo, o afirmam. Deste modo, através da forma mercadoria, tudo se torna igual quando faz parte das trocas do sistema capitalista no mercado estudantil de opiniões formadas, ao oferecer o produto que permite ajustar a consciência burguesa que afirma o sistema capitalista pensando que o nega e que através da linguagem da propaganda chega até mesmo a se situar ao lado de mercadorias de valor subjetivo diferenciado, pois eles não deixam de ser um movimento radical chique.
Mas a dialética não permite a estática e deste modo deve ser visto como processo (Tatigkeit), então, coloquemos agora para uma oposição típica ao movimento para que percebamos como a questão da negação aparece condensada com o mesmo valor de sua posição:
- Quer entrar para o Negação da Negação?
- Nananinanão!
Analisemos a expressão equivalente a 1 e 2 e suas representação lógicas:
1. Quer afirmar o movimento Negação da Negação?
Como vimos há o sinal (+) em afirmar, somada ao valor da própria Negação da Negação que tem em sua aparência duas negações resultando em uma nova positividade (+), portanto:
[(+) + (+)] = [+]
2. A segunda expressão não deve enganar pelo resultado sendo suporte de uma profunda rede entre negações: Na-na-ni-na-não! Em seu valor lógico composto de uma série de negações parciais completadas no final:
Na (-) Na (-) Ni (-) Na (-) Não (-) é equivalente a:
{[(-) + (-)] + [(-) + (-)] + [(-)]}
{[+] + [+] + [-]}
{[+] + [-]}
{[-]}
Observemos agora a partir desta contradição não-performativa o valor lógico da soma em oposição 1 + 2 =
[(+) + (-)]
[-]
Portanto, através desta complexa análise dialética chegamos à conclusão de que a Negação da negação acaba misteriosamente resultando numa negação aparente ao ser inserida na forma mercadoria entre equivalentes opiniões prontas de vanguarda e ao ser confrontada com a sua negação, gera um movimento efetivo de negação ao capitalismo que se encontra na última sílaba da expressão: Nananinanão!